Vamos falar da Cracolândia, centro de São Paulo, um país
dentro do outro que é o Brasil, pelo seu desenvolvimento inegável, uma das
primeiras capitais do mundo ao lado de Nova Iorque, Tóquio, Paris, enfim...
E no coração de São Paulo a maior tristeza de todos nós,
pois abriga centenas de tantos brasileiros com sangue e corações como os nossos
absolutamente imprestáveis para a vida, vitimados por uma praga que consome a
carne, a consciência e a vontade de viver de quem usa o crack ,esta desgraçada
droga da morte.
Dói ver.
É uma dor absoluta de impotência, um rasgo em nossas
consciências cidadãs, pois ali vemos verdadeiros vodus errantes e sem rumo,
vagueando sôfregos naquela alameda, chão da desgraça humana, irmãos brasileiros
de diferenciadas origens e classes sociais, infestados pelo absoluto momento
que parece ser o final, ,quando se entregam a esta droga maldita que parece não
deixar espaço para recuperação ou cura.
E as causas de tanto abandono existencial?
Esta é a pergunta clássica que, sempre procuramos responder,
embasados em muitos dados, pesquisas, planilhas, estudos e levantamentos “sócio-tudo”
de todos aqueles que bateram com a cara no muro das lamentações finais de um
ser humano, antes digno e que agora rasteja em situação de humilhação completa
perante a sociedade e ele mesmo.
As causas, estas sem dúvida continuamos a pesquisar,
pesquisar, pesquisar e entre cientificismos e elaborados modelos estatísticos,
psicológicos e sociológicos com um amontoado de tantas boas intenções, vamos
nós também, nos perdendo neste labirinto de incertezas quase jogando a toalha
para a falência das estruturas existenciais que temos visto vicejar aqui e ali
que, não justificariam toda a grandeza do corpo e alma de um ser humano.
Na Alameda Dino Bueno, Cracolândia,centro de uma cidade que
tantos nos orgulha pelo seu desenvolvimento alcançado, vemos também , o lixo
humano que, nós podemos nos transformar, como subproduto indesejável deste
desenvolvimento.
E não estaria faltando um abraço, um forte e demorado abraço
nesta gente que, tomou o atalho errado da vida, a estrada mais esburacada e
mergulhou no rio mais poluído dos vícios?
Acho que estudos científicos só não estão resolvendo e que,
é chegada a hora de resgatarmos o ser humano que a cada dia mais se afasta da
sua realidade e dignidade social com a palavra mágica que, com certeza, dos
seus corações está ausente:Amor!