CRISÁLIDA.



Enquanto tudo era viçoso e verdejante jardim, novidades semeavam as relvas e as plantas novas bem cuidadas, refestelavam-se em regozijo de peito aberto em céu azul de nenhuma nuvem. Crisálida, no entanto, entre crisântemos esplêndidos, ainda sôfrega, quase imóvel, não podia fazer rastejantes, alegres e contínuos vôos de amor e relacionamentos contínuos no ambiente que foi feito para ela, também.
Sonhava ser beija-flor.
São as jogos da natureza que apostam nas aproximações e incentivam as trocas, entusiasma-se com os comensais visitantes e os que, por ali, já têm aposentos fixos.
Há uma permissão nestas visitas aos reinos majestosos da mãe-natureza com trocos e trocas bem definidos.
Forte e intenso calor do sol é sempre muito bem vindo e, algo diz que não é possível uma existência separada entre isso e aquilo, aquilo e aquilo outro, enfim, integração e solidariedade crescem juntas e florescem.
Jardins ficam assim, completos na comunhão, daquela harmonia.
Ventos mormos, por vezes irão soprar, algumas nuvens se aproximarão ofuscando o esplendor de um sol antes muito forte e iluminado, mas agora entre pesadas nuvens se esconderá e ameaçadores presságios indicarão fortes temporais.
Pássaros se protegem, crisálidas imóveis e presas temem, enquanto houver incertezas no tempo, pois, agora, cautela se faz necessária, o recolhimento é bom conselheiro, não pode haver exposições, e sim,respeito à chuva que cai, muda o tempo, mudam as condições, enfim, daqueles novos tempos.
Caem os primeiros pingos de chuva, caem as primeiras lágrimas do céu no jardim imenso e acolhedor da vida que, sorrirá revitalizada pela  certeza de novas semeaduras.
Tantas outras flores e plantas explodirão, e muitas espécies de todas as ordens naturais serão convidadas para aquele banquete das diversidades.
Assim é o amor.
Há momentos de intensas liberdades, sem freios no que está estabelecido, sem pejos nem pudores, nenhum aguardo de outra situação que não seja o viver intenso dele mesmo.
Não irão importar pequenas ou grandes diferenças disto ou daquilo, afinal, ninguém é espelho de ninguém e somos o que nos deixaram ser, vivemos o que aprendemos, aprendemos exatamente, com aquele outro que é diferente de nós.
Nos jardins existe a crisálida que ainda não pode voar. No amor também, crescem momentos nos quais, algumas nuvens encobrem o sol ,mas pingos de chuva trarão as amenidades.
Devem ser recebidas com mutuo consentimento, e então, finalmente, a crisálida será borboleta, o céu novamente se abrirá tingindo-se de azul cor de menino à espera do rosa da menina que, virá naquela nesga iluminada do sol e das nossas fantasias.

8 comentários:

  1. Dosar o amor e compará-lo às mudanças meteorológicas em um jardim que a tudo agrega... Fauna e flora incorporam-se... Maravilham o amor e o homem e a mulher que o Criador nos posicionou no Éden das maravilhas... Ah! Paulo, adorei suas metáforas para o ontem e o hoje do amor - a crisálida - borboleta! Você estava inspirado, caro escritor-poeta!
    Abraço.

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  2. Celia,

    sua contumaz gentileza e atenção, valorizam e inflam meu ego da forma como não mereço, mas nem por esta razão deixo de agradecê-la sincera e carinhosamente.

    Um abração carioca.

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  3. Olá, Paulo!
    A imobilidade temporária da borboleta deve ser angustiante - aprisionada num casulo - sabendo que o seu destino será voar sob um céu azul de primavera! Aqui onde moro, algumas se transformam em borboletas até dentro de casa. A metamorfose é um dos mais belos encantos da Natureza!
    Abraços e boa semana!

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  4. Vitor Nanny,

    momento singular da natureza no qual ocorre esta metamorfose.

    É a vida dentro da própria vida em mutação.

    Um abração carioca.

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  5. Seu lado que tanto admiro, Paulo, me faz curvar ante a beleza da comparação, tão bela e perspicaz "somos o que nos deixaram ser...".
    Agradeço pela partilha de seu saber, indiquei seu blog ao "Prêmio Dardos" http://www.teceramor.com/2016/04/premio-dardos.html.
    Excelente final de semana, abraços carinhosos
    Maria Teresa

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  6. MARIA TERESA VALENTE,

    pois é, quantos de nós desejou voar tão mais alto?

    Agradeço sensibilizado a sua indicação pois, vinda de uma amiga, absolutamente presente nos meus blogues,a indicação fica mais relevante e meu sentimentos mais evidentes.

    Um abração carioca.

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  7. Gostei, sim, de seu texto.Como é habitual, de resto.


    Não tenho vindo, porque estive sem computador ( e provavelmente irei estar ) .Além disso, quando adquiri o actual , fiquei sem acesso aos links, pelo que só posso retribuir visitas.

    Abraço forte , com saudades

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  8. SÃO,

    a tecnologia também atrapalha, não é?

    Faz falta quando precisamos enfim...

    Um abração carioca.

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